quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Turismólogo no Inferno

Um turismólogo desceu aos portões do inferno e foi admitido.

Mal havia chegado, já estava insatisfeito com a bagunça que era aquilo ali...

Logo começou a fazer projetos para coibir aquele caos.
Pouco tempo depois já não havia no inferno tanto tumulto para as visitas às poucas áreas de lazer:
-um plano de manejo determinava o nº de visitantes em cada local;
-não havia mais lixo espalhado pelo chão: foram colocadas lixeiras para a coleta seletiva;
-sacolas e sacos plásticos foram abolidos: distribuiu-se sacolas de tecido com a inscrição "Tenha bons hábitos até no inferno! Use sacolas ecológicas!";
-o caldeirão do diabo passou a ser aquecido com madeira certificada;
-todo o material utilizado (chicotes, vestimentas, alimentos, grades e ganchos de masmorras, etc) passou a ser produzido pelos habitantes, preservando o artesanato local, proporcionando trabalho e renda à população autoctone, evitanto a descaracterizaçã o do local;
- e um concurso para um pacote de viagem ao céu, àqueles que apresentassem projetos de turismo e sustentabilidade.

Ninguém mais reclamava , a pouca água era tratada e reciclada, construídas fossas septicas, cursos para o receptivo (o que tornará menos traumática a entrada de novos habitantes!) e a determinação de se usar apenas a mão de obra local (acreditem, tem gente do trade turístico aceitando emprego até no inferno!).

O turismólogo era um cara muito popular por lá.
Um dia, Deus chamou o diabo ao telefone e perguntou, ironicamente:

- E então, como estão as coisas aí embaixo?
E o diabo respondeu:

- Uma maravilha! Agora aqui todos sorriem uns aos outros,
não existe sujeira, as pessoas estão mais felizes... se alimentando
melhor, com direito a algumas horas de lazer por dia, as dependências totalmente restauradas. .. isso sem falar no que o nosso Turismólogo está planejando para breve!

Do outro lado da linha, surpreso, Deus exclamou:
- O quê!?! Vocês tem um Turismólogo aí? Isso foi um engano! Turismólogos nunca vão para o inferno. Mande-o subir aqui, imediatamente!

O diabo respondeu:
- Sem chance! Eu gostei de ter um Turismólogo e continuarei mantendo-o aqui.

Deus, já mais irritado, fala em tom de ameaça:

- Mande-o para cá, agora, ou tomarei as medidas legais necessárias.

Eis que o diabo soltou uma gargalhada:
- Hahahaha...! Onde você vai arrumar um Advogado?

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Peguei do orkut de uma amiga que pegou do site abaixo :)
Fonte: http://solbh.blogspot.com/2008/12/o-turismlogo-no-inferno.html

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Quando os filhos crescem

Esse texto foi lido, quase totalmente, no Pretinho Básico. Como achei bonito, resolvi postar...

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Há um momento, na vida dos pais, em que eles se sentem órfãos. Os filhos, dizem eles, crescem de um momento para outro.

É paradoxal. Quando nascem pequenos e frágeis os primeiros meses parecem intermináveis. Pai e mãe se revezam à cata de respostas aos seus estímulos nos rostinhos miúdos.

Desejam que eles sorriam, que agitem os bracinhos, que sentem, fiquem em pé, andem, tudo é uma ansiosa expectativa.

Então, um dia, de repente, ei-los adolescentes. Não mais os passeios com os pais nos finais de semana nem férias compartilhadas em família.

Agora tudo é feito com os amigos.

Olham para o rosto do menino e surpreendem os primeiros fios de barba, como a mãe passarinho descobre a penugem nas asas dos filhotes. A menina se transforma em mulher. É o momento dos vôos para além do ninho doméstico.

É o momento em que os pais se perguntam: onde estão aqueles bebês com cheirinho de leite e fralda molhada? Onde estão os brinquedos do faz-de-conta, os chás de nada, os heróis invencíveis que tudo conseguiam, em suas batalhas imaginárias contra o mal?

As viagens para a praia e o campo já não são tão sonoras. A cantoria infantil e os eternos pedidos de sorvetes, doces, pipoca foram substituídos pelo mutismo ou a conversa animada com os amigos com que compartilham sua alegria.

Os pais se sentem órfãos de filhos. Seus pequenos cresceram sem que eles possam precisar quando. Ontem eram crianças trazendo a bola para ser consertada. Hoje são os que lhes ensinam como operar o computador e melhor explorar os programas que se encontram à disposição.

A impressão é que dormiram crianças e despertaram adolescentes, como num passe de mágica.

Ontem estavam no banco de trás do automóvel, hoje estão ao volante, dando aulas de correta condução no trânsito.

É o momento da saudade dos dias que se foram, tão rápidos. É o momento em que sentimos que poderíamos ter deixado de lado afazeres sempre contínuos e brincado mais com eles, rolando na grama, jogando futebol.

Deveríamos tê-los ouvido mais, deliciando-nos com o relato de suas conquistas e aventuras, suas primeiras decepções, seus medos. Tê-los levado mais ao cinema, desfrutando das suas vibrações ante o heroísmo dos galãs da tela.

Tempos que não retornam a não ser na figura dos netos que nos compete esperar.

Pais, estejamos mais com nossos filhos. A existência é breve e as oportunidades preciosas.

Tudo o mais que tenhamos e que nos preencha o tempo não compensará as horas dedicadas aos espíritos que se amoldaram nos corpos dos nossos pequenos, para estar conosco.

Não economizemos abraços, carícias, atenções porque nosso procedimento para com eles lhes determinará a felicidade do crescimento proveitoso ou a tristeza dos dias inúteis do futuro.